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O controle biológico em Hidroponia

O controle biológico em Hidroponia

Uma das definições relativamente ao controle biológico é a da manutenção do equilíbrio entre populações que causam danos ao cultivo de plantas comerciais e de populações que  as controlam, conhecidas agronomicamente como inimigos naturais. Assim, ao adotarmos o controle biológico como parâmetro fundamental para a redução de pragas e doenças devemos ter “em mente” que as pragas e doenças presentes no cultivo hidropónico não serão dizimadas e, sim, que haverá uma manutenção destas populações causadoras de prejuízos económicos, a um nível que não comprometerá a sustentabilidade do negócio. Este nível é aceitável para o produtor quando ele estiver acima do ponto de equilíbrio para o cultivo comercial de uma cultura, que é, basicamente, onde as receitas pagam as despesas.

Questões básicas são levantadas por produtores interessados na adoção deste método de controle de pragas e doenças, tais como:

  • Existem produtos biológicos aplicáveis a hidroponia?
  • A sua eficiência é comprovada?
  • Qual é o custo?
  • Qual o período de carência?
  • Qual a dose aplicada?
  • Como deve ser tomada a decisão para a aplicação?

Para respondermos a tais questões, primeiro conhecer o triângulo epidemiológico é importante, uma vez que toda a eficiência do controle deriva da função das inter-relações entre os três pontos deste triângulo.

Em cada vértice têm-se: o ambiente (microambiente no caso da hidroponia), a doença ou praga e o hospedeiro, ou produto hidropónico.

Assim, temos algumas situações que favorecerão ao desequilíbrio nestas inter-relações, como por exemplo, uma planta com as raízes mortas por falta de oxigenação (hospedeiro – hipoxia radicular), que depende de uma temperatura acima de 31 C da solução nutritiva, associada à baixa declividade da bancada e altas temperaturas na estufa (ambiente) e a presença de Pythium na solução (doença), que a partir de todo o contexto (ambiente x hospedeiro), irá causar danos severos ao sistema de cultivo.

Assim, se um vértice não for fator contribuinte para a expressão da doença, a possibilidade de infecção ou infestação torna-se baixa ou nula.

A partir da possibilidade desta anulação da doença ou praga pode-se medir a eficiência do controle biológico, que será mais eficiente quanto melhor for a monitorização destas inter-relações. Assim, não é correto, por exemplo, considerar que o Trichoderma e o Bacillus subtilis irão atuar de forma eficiente se a solução nutritiva estiver acima de 31 C e repleta de algas e restos de raízes da (s) colheita (s) anterior (es).

Fazendo a retórica quanto às questões supracitados, sim: existem nos mercados excelentes produtos biológicos a serem adotados no manuseamento fitossanitário para o cultivo hidropónico, com uma eficiência que, via de regra, é mais alta que em sistemas orgânicos, pois temos um ambiente propício ao estabelecimento dos inimigos naturais que é o cultivo em ambiente de cultivo protegido.

Um exemplo é a adoção do controle biológico do ácaro rajado (Tetranychus urticae) para a cultura do morango hidropónico a partir do uso de ácaros predadores (Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis). Esta adoção apresenta  alta eficiência de controle. Ressalta-se que o controle biológico pode apresentar valores mais elevados que o químico, porém a tendência é uma baixa dos mesmos a partir de um volume a ser comercializado e, deve-se levar em consideração que tais medidas de controle devem ser avaliadas como investimento e agregação de valor pelo produtor.

Uma vez que existe a nulidade de resíduos químicos, a carência é baixa, assim como a dose aplicada, contudo a decisão quanto à aplicação estará sempre em função da monitorização adotada.

Por outro lado, existe uma discussão extensa e importante a ser adotada ao tratarmos de controle biológico no sistema de cultivo hidropónico, uma vez que fica mais evidente que a exigência do mercado consumidor por alimentos com alto padrão de qualidade e segurança alimentar eleva-se a cada ano, porém este mesmo mercado (do qual fazemos parte) não está acostumado com a presença do ácaro predador; assim, a nossa tendência é a não aquisição do produto, comprometendo todo o trabalho do produtor.

O amplo conhecimento das relações de predação e, da quase impossibilidade de não se ter insetos presentes nas hortaliças hidropónicas com a adoção do controle biológico são pontos a serem discutidos entre os três principais integrantes da cadeia produtiva de hortaliças hidropónicas, que são: o produtor, a cultura e o consumidor final.

Bons cultivos ;)

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