Formação de algas nos sistemas Hidropónicos
Muito se fala da importância da formação de algas nos sistemas hidropónicos, devido ao aparecimento de vários fungos, tais como o Pythium sp, da presença de Bradysia spp. e Scatella stagnalis (Fungus gnats), além do aumento da incidência de Pectobacterium (ou os outros tipos de bactérias fitopatogênicas).
No entanto, muito pouco se discute como surgem estes organismos na hidroponia e as relações existentes com doenças e mortes radiculares. Por definição, as algas que vivem nos sistemas hidropónicos, fazem parte de um grande grupo de indivíduos autotróficos (que crescem e se estabelecem fazendo fotossíntese) e, quando a população “explode” pode ser fator de risco à produção, uma vez que propiciam desequilíbrios nutricionais, dada a competição por nitrogénio e fósforo, dos quais são nutrientes que estão amplamente disponíveis no sistema hidropónico via solução nutritiva.
Cabe aqui ressaltar que para que ocorra o processo de eutrofização no ambiente, a presença de energia solar ou luz (algo abundante na estufa) associada a disponibilidade de nutrientes (N, P) e microrganismos (provenientes da água) configura-se uma condição favorável ao processo. Então, assim, o cuidado com o descarte da solução nutritiva em rios e lagos é obrigação do produtor para se evitar a eutrofização destes ambientes.
Voltemos ao tema: A alga é um organismo autotrófico (fotossintetizante) que ao entrar em contato com um ambiente rico em energia solar (luz) e nutrientes (solução nutritiva) tem a sua propagação favorecida e, ao fazer a fotossíntese, existe a possibilidade de crescimento exponencial da população num sistema hidropónico. O interessante deste processo é que a alga, ao fazer fotossíntese, pode gerar um incremento de oxigénio ao sistema (muitos pensarão), porém a controvérsia, que está no fato que a explosão populacional irá gerar um aumento significativo de matéria orgânica neste mesmo sistema (hidropónico).
Para entendermos a problemática do incremento de matéria orgânica no sistema temos que saber o que é a carência bioquímica de oxigénio (CBO). Assim, a CBO é uma das medidas utilizadas para avaliação da qualidade de água, especificamente de águas poluídas com esgoto (que não é o caso da hidroponia), no entanto, por definição, o CBO mede a quantidade de oxigénio necessária para oxidar a matéria orgânica contida no sistema por meio da decomposição aeróbia da matéria orgânica feita por microrganismos adaptados ao meio aquático, tais como fungos e bactérias aeróbias, consumindo oxigénio para a decomposição da matéria orgânica.
Esse é o ponto mais interessante a ser abordado: com a infestação de algas nos sistemas hidropónicos, cria-se um ambiente propício para que fungos e bactérias fitopatogênicas (que causam mal às plantas) se instalem. Em função disto, além do cenário ser favorável à incidência de Pythium, por exemplo, a presença de matéria orgânica proveniente da decomposição das algas mais raízes pode aumentar significativamente o CBO. Sendo que este aumento pode favorecer um significativo decréscimo de oxigénio no sistema, uma vez que ao ocorrer a oxidação da matéria orgânica no sistema uma quantidade de oxigénio é usada pelos fungos e bactérias aeróbias.
É importante destacar que o oxigénio é indispensável ao crescimento e desenvolvimento do sistema radicular das hortaliças hidropónicas e que concentrações de oxigénio dissolvido na solução nutritiva entre 4,0 a 5,0 mg L-1 podem induzir à morte das raízes.
Então, já vimos o problema que é a presença de algas em hidroponia: mas como controlamos a formação de algas no sistema hidropónico?
Uma questão relevante é o revestimento do perfil, o qual não deve permitir a incidência de luz na solução. Além do revestimento coextrusado, por exemplo, todo o trajeto da solução nutritiva no sistema deve ser protegido da incidência de luz. (como nos nossos tubos)
Por outro lado, se em algum ponto se poderá observar a presença de algas (lembremos que nutrientes + luz condicionam a presença de algas). Assim, a limpeza do perfil por lavagem é fator obrigatório na rotina hidropónica. Uma outra prática adotada por muitos produtores é a aplicação diária de 3 a 5 ml de peróxido de hidrogénio a 200 volumes (água oxigenada) a cada 1000 L de solução nutritiva para a redução da incidência de algas, até a redução das algas em níveis aceitáveis.
Ressalta-se ainda que a redução da matéria orgânica da-se por processo oxidativo, assim, o uso de ozono (O3) vem sendo uma prática aplicada por alguns produtores.
Assim, a mensagem final é: Cuidem do sistema para que a população de algas seja a menor possível, pois isto garantirá sanidade nas suas plantas hidropónicas.
Bons cultivos ;)
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